quarta-feira, 17 de março de 2010

Problemas ambientais enfrentados pela humanidade e provocados pelas atividades econômicas

INTRODUÇÃO

O comportamento de agressão ao meio ambiente não é novo na história humana, não se restringe nem ao fim do século XX e nem aos últimos dois séculos de industrialismo, o que sim é novo é a escala desse processo de depredação. Antes da industrialização, os impactos ambientais eram localizados, se um recurso se tornasse escasso em um local, bastava mudar para outro. Com o advento do industrialismo os valores das sociedades passaram a obedecer a uma lógica de produzir e consumir - não necessariamente nesta ordem.

No entanto, para produzir produtos o uso de recursos naturais se faz necessário. No final dos anos 60 e anos 70, a emergência dos movimentos ambientalistas fez dos recursos naturais, da energia e do ambiente em geral um tema de importância econômica, social e política, o qual pode ser chamado Questão Ambiental. Esta trouxe a crítica ao modelo de desenvolvimento econômico vigente, apontando para um conflito, senão uma possível incompatibilidade, entre crescimento econômico e preservação dos recursos ambientais, e que tal conflito, em última instância traria limites à continuidade do próprio crescimento econômico. Surgiu então o conceito de desenvolvimento sustentável que é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Hoje existe um entendimento comum, de que o desenvolvimento não pode ser sustentado com uma base de recursos naturais deteriorados, e o meio ambiente não pode ser protegido quando os projetos criados para isso não levam em consideração o preço da destruição ambiental e a disposição dos agentes econômicos para preveni-la.

PREMISSAS DA ECONOMIA CLÁSSICA E SEUS EQUÍVOCOS

O pensamento mecanicista, preconizado dentre outros pelo filósofo Descartes (1596-1650), introduziu as bases do pensamento moderno sobre a natureza e o homem. A natureza torna-se uma grande máquina, uma engrenagem de movimentos precisos e perfeitos, que o homem pode controlar, transformar em artefatos técnicos e explorar para fins econômicos.

Segundo Adam Smith, o trabalho, a terra e o capital são os três fatores de produção. Ele descreveu o mercado como uma “mão invisível” que leva a todos os indivíduos, na busca de seus interesses, a produzir o maior benefício para a sociedade como um todo. Nesta analogia da mão invisível, Smith argumentou que os mercados competitivos tendem a satisfazer às necessidades sociais mais amplas, apesar de ser guiado por interesses próprios.

No entanto, a falha de Smith e outros teóricos que o sucederam, tem-se a impossibilidade de dar valor a algo que não faz parte de um mercado. Apesar do sistema de preços ser infiel ao de valor, uma mercadoria só pode ter valor se ela for validada socialmente através do mercado. Ou seja, só há uma forma de se saber o preço de uma mercadoria: é levando ao mercado. Segundo essa lógica, tudo tem um preço. Mas como não se pretende colocar o meio-ambiente à venda ou destruí-lo por completo, deste ponto de vista, não podemos dar-lhe valor, apesar da tendência progressiva da mercantilização. E economia clássica não levou em consideração a escassez de recursos naturais e nem tampouco as agressões ao planeta no uso desses recursos.

O discurso ideológico do consumismo afirma que a principal finalidade da vida dos indivíduos é comprar. Nas sociedades contemporâneas, este comportamento foi naturalizado. As pessoas crêem que a vida resume-se ao que podem consumir. Trata-se de uma ideologia que é incentivada pelas mídias e foi incorporada pela grande maioria da população urbana. O consumo tornou-se o centro da vida e atualmente, constitui uma das principais finalidades da existência.

A crença na ideologia do consumo é um dos elementos explicativos para a quase ausência de projetos coletivos na atual sociedade. Nesta realidade, ao invés das pessoas preocuparem-se em reivindicar seus direitos de cidadania, elas passaram a lutar pela posse de objetos que as tornam ‘inseridas’ no mercado de consumo. No Brasil, um claro exemplo, é o nome dos "movimentos coletivos" - Movimento dos Sem-Teto (MTST). Atualmente a cidadania é representada pelo direito de "ter". É o "ter" para ser cidadão. O desejo de "ter" dos indíviduos das sociedades de consumo, dificulta um projeto político mais profundo, visando uma transformação da agenda de preservação do meio-ambiente.

LIMITES AO CRESCIMENTO FÍSICO

Para melhorar as condições humanas e restaurar a dignidade existencial nesta realidade de recursos finitos, serão necessários sacrifícios individuais e mudanças nas estruturas de poder econômico e político, no caminho de uma humanidade solidária, pacífica e sustentável, que tenha condições de satisfazer as necessidades básicas de todos e criar oportunidades iguais para cada um, de realizar seu potencial individual.

A situação econômica e social atual está cada vez mais próxima do caos, da violência e de confrontos irracionais em todas as regiões do globo. A tendência à depredação de recursos naturais e humanos não significa que os limites de crescimento serão alcançados nos próximos anos e resultarão em declínio súbito e incontrolável da população e de sua capacidade produtiva. Significa, contudo, que os custos sociais e ambientais serão transferidos em escala e intensidade crescentes aos que menos poder de defesa tem, eternas vítimas de um sistema desumano e implacável.

POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS IDENTIFICADOS

Segundo Daly (2004) os recursos renováveis devem ser explorados de maneira tal que: as taxas de colheita não excedam as taxas de regeneração e as emissões de resíduos não excedam a capacidade assimilativa renovável do meio ambiente local. Os recursos não-renováveis deveriam ser esgotados a uma taxa igual à taxa de criação de substitutos renováveis.

A construção de uma racionalidade ambiental é um processo político e social que passa pelo confronto e concerto de interesses opostos, pela reorientação de tendências (dinâmica populacional, racionalidade do crescimento econômico, padrões tecnológicos, práticas de consumo); pela ruptura de obstáculos epistemológicos e barreiras institucionais; pela criação de novas formas de organização produtiva, inovação de métodos de pesquisa e produção de novos conceitos e conhecimentos.

Portanto, podemos conscientizar e incentivar a sociedade na diminuição do consumo e produção de produtos cuja fabricação e consumo utilizam recursos não renováveis ou que degradam o meio ambiente. Incentivar programas de reflorestamento, pois a fotossíntese das árvores retira CO2 do ar durante o dia, e devolve uma quantidade menor de CO2 durante a noite. O CO2 restante é utilizando no crescimento da árvore, realizando assim o seqüestro de CO2. Outro procedimento é a reutilização e reciclagem de embalagens e produtos cujo uso não se fazem mais necessário.

Também, como consumidores podemos exigir das organizações que atuam no mercado a incluírem na formulação de suas estratégias e planejamento a preocupação com o impacto de suas operações e seus produtos. Incluir na grade curricular de cursos, desde o ensino fundamental, o estudo do meio ambiente, para que haja uma crescente conscientização deste tema vital para a sobrevivência de futuras gerações.

CONCLUSÃO

O indivíduo é categoricamente compelido a consumir numa espécie de vertigem imposta pelos meios de comunicação de massa. Na maioria das vezes, o indivíduo não precisa realmente consumir mas mesmo assim o faz em nome do status de consumidor. A sociedade de consumo produz mitos como as celebridades, os carros Ferrari, os relógios Rolex, os perfumes Chanel e se torna ela mesma o próprio mito, ou seja, o consumo. O ato em si de consumir é um mito que tomou o indivíduo de assalto e o fez reféns dele mesmo.

É comum o entendimento de que o planeta, não suportará por muito tempo o nível de consumo praticado no vigente modelo de produção e exploração dos recursos naturais. Apesar dos alarmantes sinais da natureza e dos constantes avisos da comunidade científica com relação ao aquecimento global, poucas políticas foram de fato implementadas. A eleição do governo de Barack Obama nos Estados Unidos da América, que é o maior poluidor do mundo com cerca de 40% de responsabilidade da emissão de gases, pouco modificou a posição daquele país com relação a adesão a tratados de redução de emissão de gases e outras políticas de proteção ao meio ambiente. O que leva a crer que a liderança tem pouca influência, pois os eleitores não querem "pagar a conta" e não pretendem ir contra a cultura do consumo.

O fato é a sociedade toma suas decisões apoiadas em valores monetários, e na visão desta sociedade, o custo ambiental ainda é mais barato do que o custo da preservação.

Por exemplo, você se preocupa com o meio ambiente? Provavelmente, dirá que sim. Então, deposite 5% dos seus rendimentos mensais na conta do GreenPeace ou qualquer outra organização que se dedique a proteger o meio ambiente. Provavelmente, você deve estar repensando a sua preocupação ambiental depois desta proposta, certo?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DALY, HE. Crescimento sustentável? Não, obrigado. Ambiente e Sociedade, 2004. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-753X2004000200012 Acesso em 13 março 2010.

ANTUNES, Daví José Nardy. Valoração ambiental e meio ambiente: uma visão crítica, 2009. Disponível em http://www.sep.org.br/artigo/ixcongresso109.pdf Acesso em 13 março 2010.

OLIVEIRA, Ricardo Devides. Crise Ambiental como crise da racionalidade Científica Moderna: Uma reflexão filosófica para um olhar holístico à ciência Geográfica, 2009. Disponível em http://enhpgii.files.wordpress.com/2009/10/ricardo-devides-oliveira1.pdf Acesso em 13 março 2010.

MALDONADO, Renata. Consumo, Comunicação e Cidadania, 2009. Disponível em http://www.uff.br/mestcii/renata2.htm Acesso em 14 março de 2010.

RIBEIRO, Bernado Gomes. Um crime perfeito: Resguardando a natureza, 2009. Disponível em http://publique.rdc.puc-rio.br/geopuc/media/Ribeiro_geopuc03.pdf Acesso em 14 março de 2010.

Economia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia.> Acesso em: 14 mar. 2009.

FINITUDE da humanidade. FGV, 2009.

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